quarta-feira, agosto 20, 2014

Cuidado com o politicamente correto

Wallace Vianna é webdesigner


Fonte da imagem: blog Náufrago da utopia 

Outro dia o jogador Neymar brincando com seu filho, pediu para ele "mostrar ao repórter como se beija a namorada". O infante fez a sua maneira o que ele sequer sabe direito como é, dada a pouca idade. Mas foi o suficiente para que os guardiões da moral e bons costumes usassem todos os argumentos possíveis para endemoniar o adulto perverso que "roubava da criança inocente seu último sopro de ingenuidade, com um discurso machista e autoritário".

Temos de dar um tempo nesse tal de "politicamente correto". Em nome dele brincadeiras de criança viraram bullying, falta de tempo para criar os filhos colocam pais e filhos frente a um psicólogo, fazer piada de qualquer minoria ou grupo social vira preconceito punível por lei. 
Se as pessoas não começarem a ver que o politicamente correto tem por finalidade melhorar o convívio social, o tiro vai sair pela culatra, pois nossa sociedade vai se tornar tão rígida quanto a norte-americana, onde há uma rigidez muito grande em relação às coisas e as pessoas, sem levar em conta o fato de que somos pessoas de carne e osso e não robôs insensíveis e programados. Ou vocês acham que o fato de nos EUA serial killers/assassinos em série promoverem massacres de pessoas conhecidas em escolas e outros ambientes sociais é mera coincidência?

Vamos ver as coisas como elas são, primeiro.

Nós latino-americanos temos por tradição sermos mais cordiais, afetuosos e fraternos com o próximo (conhecido ou não). Talvez isso explique porque aceitamos com tanta naturalidade o famoso "guardar lugar na fila", "quebrar o galho" ao parar a condução fora do ponto entre outras situações cotidianas, sem prejuízo coletivo maior, além de algum tempo ou conforto. Agora, não poder colocar limites aos filhos com uma palmada sob a pena de responder na frente de um juiz de menores abre precedentes para criarmos uma geração de Suzane Richthofen ou casal nardoni.

Talvez a melhor maneira de saber o que é aceitável ou não em nossa cultura seja exercitar o bom-senso. A palmada ainda é vista na nossa sociedade como um recurso pedagógico aceitável? Então está correto utilizar-se dela desde que não se torne uma agressão, coisa inaceitável em nossa sociedade.

Ao meu ver, o politicamente correto como se apresenta hoje está se tornando mais uma forma da mídia vender notícia, pedagogos que nunca tiveram filhos ganharem dinheiro com consultoria familiar, psicólogos e advogados arranjarem novos clientes do que uma fórmula mágica da boa saudável convivência.

Como sempre digo e repito, as dificuldades fazem parte da vida e nos tornam pessoas melhores. Querer evitá-las em nome de uma suposta "nova civilidade" me parece algo tão improvável quanto duvidoso.



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